Qualidade de vida –
um resultado de quê?
Eis o tema que o Dr. Lister Vianei Borges discorreu no último filosofandoagora, dia 27/09/2011. Abaixo segue uma síntese de algumas questões que foram abordadas por ele e resumidas por mim. Esclareço que determinadas afirmações, termos e imagens serão compreendidos somente por aqueles que estiveram presente.
O tema de uma palestra no formato de pergunta é um tanto instigante e atrativo, pois subentende-se que o palestrante responderá a própria questão.
Pode ser que sim, pode ser que não
Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas a busca por respostas, receitas e formulas mágica ou farmacológica é um fato em nossa existência. Fato que está intimamente ligado à noção de sobrevivência. É também um fato acreditarmos que são as respostas que farão alguma diferença em nossas vidas. Daí o anseio por um roteiro pronto. Porém, há dois pontos com relação às respostas que merecem uma análise. O primeiro é que a receita pronta do tipo: “faça isso e será feliz”, não se adequa a todos. O segundo ponto é que o caminho para se alcançar a tão sonhada qualidade de vida, na vida, é um tanto duro de ser trilhado, isso exige um esforço consciente e disciplinado do ser que pretende ser humano. Contudo, qual caminho devemos trilhar? Não sei, só sei que o caminho das perguntas é bastante interessante. Bem mais produtivo que o das respostas, do tudo pronto, do tudo fácil e do conforto excessivo.Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas dizer que o “desconforto é estimulo evolutivo” é um discurso de quem tem coragem de dizer o que deve ser dito. Hoje vivemos para trabalhar ao invés de trabalharmos para viver. Desse modo, temos tudo e ao mesmo tempo nos falta o essencial. Sabemos que é essencial, mas não sabemos o que falta. E assim esse vazio vai aos poucos nos consumindo e nós vamos consumindo aqui, consumindo acolá, além de nos transformamos em neuróticos por não sabermos “Quem somos”, isto é, por desconhecermos a nossa vocação.“Neurose é o sofrimento da alma que ainda não encontrou sua vocação” Jung
Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas o fato é que a qualidade de vida é multifatorial. Isso significa que a nossa existência depende de um conjunto de coisas e fatores, depende também de um terreno onde estão as nossas possibilidades e também fragilidades. E depende, fundamentalmente, de sabermos viver com os nossos recursos existentes.Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas quando se fala em qualidade de vida, bem-estar e conforto (o que não necessariamente nos proporciona a qualidade de vida) dificilmente se pensa na reconstrução de si mesmo, ou seja, na construção de novos valores, desejos, emoções, etc.
Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas rever conceitos, valores e desejos são essenciais. Já que essencial é aquilo sem o qual não se pode existir. A reconstrução de si faz parte do processo evolutivo e tem por finalidade a própria sobrevivência. Não é uma tarefa fácil, porque é preciso colocar as mãos na massa, também não é uma reconstrução reconfortante, uma vez que olhar para dentro de si requer coragem, compaixão, humildade e fé. Mas eis uma tarefa essencialmente necessária.
Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas tudo que educa e adestra começa com a letra “P”. Pais, parentes, padrinhos, professores, padres, pastores, etc... Ah! E portadores de TV. Pensem nisso, ou em outras coisas, pois o “Pensamento” também adestra ou educa. Pensem nisso, pois o homem moderno já passou do tempo de tornar-se esclarecido, abandonando assim sua condição de menoridade. Isso é Kant e não Kent.“A doença nada mais é que o desacordo entre o intelecto e a vontade” Kent
Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas os pais não podem ser amigos de seus filhos. Amigo acoita, passa a mão na cabeça é permissivo. Os pais podem ao menos ser amigáveis, mas jamais amigos. E é assim que tem de ser. Se teu filho, menor de 18 anos, lhe pede o carro, o que dizer? Não há conversa, simplesmente justifique dizendo que isso é contravenção penal. Simples assim.
Pode ser que sim, pode ser que não,
Mas o fato é que para termos qualidade de vida é preciso aprender uma coisa simples: respirar. Um pressuposto básico da existência humana que poucos conseguem realizar de modo correto e consciente. Respirar conscientemente nos permite permanecer no Agora (...filosofando), isso é fundamental, pois centrar no momento presente nos retira do passado e do futuro, evitando respectivamente depressão e ansiedade.Pode ser que sim, pode ser que não.
Vejam outras Mafaldas e Mafaldos que apareceram por lá...
Um abraço carinhoso,
E até o próximo encontro com
Sérgio Carvalho
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Silvia Soares SAnt´Ana
Coordenação Projeto filosofandoagora